sábado, 27 de setembro de 2014

APRESENTAÇÃO

Olá,
Este blog foi criado em cumprimento de uma atividade do IV Seminário de Práticas Educativas, disciplina que integra a grade da graduação de Licenciatura em Pedagogia da UERJ - EAD, onde a proposta foi a elaboração de um projeto em grupo, orientado pela pela admirável Tutora Kátia Ponce, baseado no tema "grafitando", e que deu origem  ao "Grafite é cultura".

Objetivos alcançados

A proposta lançada foi buscar resposta as seguintes perguntas:

1- Por que a arte do grafite ainda é discriminada?
2- Qual a assinatura e marcas pessoais do grafiteiro.
3-Qual a influência da arte do grafite nas comunidades.
4- Grafiteiro, quem é o homem por trás da arte?

A INFLUÊNCIA DO GRAFITE NAS COMUNIDADES (CONTINUAÇÃO)






A INFLUÊNCIA DO GRAFITE NAS COMUNIDADES





O mais importante no grafite é a expressão. Nesse sentido, é uma arte que humaniza o espaço urbano, dando cor e beleza aos muros da cidade. O grafite é também um grande fator de inclusão social.  Em todas as regiões metropolitanas do País, centenas de projetos sociais se utilizam do grafite como forma de inserção de jovens em ações de cidadania. Em São Paulo, se destacam o Projeto Pixote – ONG vinculada a Universidade Federal de São Paulo, a ONG Escola Aprendiz e a ONG Ação Educativa, que tem em sua sede, na Vila Buarque, um Centro de Juventude, onde há um núcleo dedicado ao grafite e que mobiliza centenas de artistas durante a Semana de Cultura Hip Hop, evento anual realizado desde 2001.

Por isso, a Ação Educativa está impulsionando o Projeto de Lei que pede a criação de um Dia do Grafiteiro para a cidade de São Paulo. A data deve ser comemorada todos os dias 27 de março, data do falecimento, em 1987, de Alex Vallauri, pioneiro do grafite no Brasil. Nascido na Etiópia em 1949, filho de italianos, Vallauri foi grafiteiro, pintor, artista gráfico, desenhista, cenógrafo e gravador. Chegou ao Brasil em 1965, em Santos, e logo se transfere para São Paulo. Fez graduação em comunicação visual na FAAP, onde depois se tornou professor. Entre os vários fatos da sua vida, realizou especialização em Estocolmo (Suécia) e, a seguir, iniciou seus trabalhos em grafite em São Paulo. Passou uma temporada em Nova York entre 1982 e 1983 e também participou de três edições da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, sendo o primeiro grafiteiro a participar do evento. 
Tido como artista de vanguarda, Vallauri não teve oportunidade de se popularizar a exemplo de grafiteiros como Os gêmeos, Binho, Speto, Zezão, Tikka, Nina e tantos outros(as). Nem tampouco conseguiu se consagrar como artista, vindo a falecer com apenas 38 anos. Atribuir o 27 de março como o Dia do Grafite é um duplo reconhecimento: celebra-se
a arte e o artista. 

ARTE MUDA RUA


Arte na rua: A arte feita com o espaço urbano e para ele. Que para a cidade, a movimenta e cria um lugar mais agradável, como um cenário que, no palco do teatro ou na tela do quadro, olhamos e desejamos habitar.
 Numa relação de cooperação em que meio e mensagem se unem, a cidade se transforma. O cinza se apaga para que brilhem as cores nos muros, as buzinas silenciam para os aplausos da música e, nas calçadas, o caminho se abre para o teatro passar. Entram as pessoas e sai a insegurança de um espaço quase inabitável.
A expressão artística nasce da fusão entre sensibilidade e desejo de comunicação e cria uma cidade mais urbana e humana.

A inspiração


Fala-se muito que São Paulo é uma cidade para os carros e não para as pessoas. De tanto andar a pé e perceber a paisagem cinza, surgiu a vontade de achar soluções. Como levar as pessoas para o espaço público e torná-lo mais agradável e seguro?
Pensando num exemplo simples: esquina que tem músico não tem assaltante, a arte pareceu ser uma possível saída – ou pelo menos parte da saída. A atividade cultural carrega junto de si os artistas, o público, a beleza e sensações boas que refletem de forma positiva no espaço onde ela se encontra. Acreditando em seu poder de mudar a rua, foi elaborado esse projeto para ouvir quem concordasse e quem colocasse a ideia em prática. Como escreveu Lilian Amaral, artista visual e pesquisadora em arte urbana: 
“entendemos a arte como provocadora de encontros e esses encontros como constituintes de novas paisagens humanas”.

O projeto

A base de argumentação, foram teses de mestrado e doutorado sobre o assunto, reportagens e artigos, entrevistas a pesquisadores  e artistas. O foco na cidade foi importante porque acredita-se que para tratar desse tema seja imprescindível vivenciar a cultura local.



;Uma das pinturas feitas em azulejo nos muros do cemitério São Paulo, em Pinheiros
Uma das pintura, feita em azulejo, no muro do cemitério São Paulo, em Pinheiros


COLÍRIO PARA OS OLHOS












http://www.artemudarua.com.br/

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CONHEÇA ALGUNS DOS MAIORES GRAFITEIROS DO BRASIL

A arte urbana, ou street  art , é um movimento que surgiu no meio underground das cidades como uma forma de manifestação de artística realizada em espaços públicos. Com o tempo, o movimento foi sendo reconhecido como arte e se dividindo em várias modalidades.Uma dessas modalidades, o Grafite, tem atraído uma série de artistas brasileiros que são conhecidos internacionalmente. Pensando nisso, o Guia separou alguns dos grandes nomes da arte urbana de São Paulo para você conhecer melhor nossos grafiteiros.

OS GÊMEOS

Onde ver: Liberdade, Cambuci
Os gêmeos idênticos Gustavo e Otávio Pandolfo são referência no grafite não só no Brasil, como no mundo, abordando temas como família e críticas sociais. Os irmãos começaram a grafitar pelas ruas de São Paulo em 1986 quando tinham apenas 12 anos de idade. Começaram a ter experiências com parcerias internacionais até que, em 2003, conseguiram a primeira exposição solo em São Francisco. Em 2005 foi a vez de Nova York e, após conquistarem o exterior, realizam sua primeira mostra no Brasil em 2006. Seus grafites estão espalhados por cidades dos EUA, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba e vários outros.

EDUARDO KOBRA

Onde ver: Praça Benedito Calixto, Avenida 23 de maio, Avenida Tiradentes
Com apenas 11 anos de idade, Kobra iniciou sua carreira artística na periferia de São Paulo. Com a criação do estúdio Cobra em 1990, o artista ganhou destaque pelas suas qualidades como designer pelo realismo de suas pinturas. Sua ligação com o passado fez com que surgisse o projeto “Muro de Memórias” que busca transformar a paisagem urbana com referências de outras épocas. O projeto está presente em cidades como Atenas, Lyon, Londres, Nova York, Miami e Los Angeles.

ZEZÃO

Onde ver: Museu de Arte Urbana, Floresta Urbana, Tietê
Influenciado pelos trabalhos de Os Gêmeos e Binho Ribeiro, Zezão se voltou ao mundo artístico nas ruas em 1995. Com a falta de lugares para grafitar nas ruas, ele buscou ambientes underground e abandonados nos quais ele poderia fazer e fotografar suas obras que traziam os estilos Bomber e o Flop. Isso fez com que Zezão passasse por esgotos, bueiros, estações de tratamento, enfim, os lugares mais inóspitos da cidade. Tudo pela sua arte. Hoje ele tem seu trabalho exposto em galerias, museus, restaurantes e até cômodos de casas, além de ser um dos grafiteiros mais reconhecidos do país.

ALEX SENNA

Onde ver: Pompéia, Vila Beatriz, Morro de São Paulo
As ruas e ateliês são os palcos das ilustrações detalhistas e inconfundíveis de Alex Senna. O artista busca transportar suas emoções para arte de uma forma rebuscada e tocante. Sua paixão de infância pelos quadrinhos influencia suas obras a ponto de torná-las originais por meio de riscos simples e preto e branco. Seus trabalhos estão espalhados por São Paulo, Londres, Paris e Barcelona.

BINHO RIBEIRO

Onde ver: Praça da República
Se você conhece e aprecia a Street Art no Brasil e na América Latina, você deve muito a Binho Ribeiro. O artista foi um dos precursores da arte na região e é respeitado em todos os locais que demonstrou seu trabalho. Los Angeles, Santiago, Paris, Buenos Aires, Beijing e Amsterdam são apenas exemplos da lista de países que ele já passou. Além disso, seus desenhos ilustraram campanhas publicitárias como as de Ford, Sony, Guaraná Antartica e Ferrari.

NUNCA (FRANCISCO RODRIGUES DA SILVA)

Onde ver: Liberdade, Cambuci
Você deve estar se perguntando o motivo que levou Francisco a adotar o nome artístico “Nunca”. Ele explica que o lema de qualquer artista é dizer nunca as limitações culturais e mentais. É com esse pensamento que o artista já é um sucesso em toda a Europa e no Brasil. Com uma característica de desenho improvisado, sem muitos cálculos e proporções, Nunca tem obras expostas em varias galerias e ruas europeias.

SPETO

Onde ver: Museu de Arte Urbana
Speto é mais um dos grandes grafiteiros brasileiros que foram influenciados pela cultura hip-hop que chegou a São Paulo na década de 80. Mas o artista foi além. Uniu sua influência Hip- hop ao cordel, criando um estilo único e original. Suas obras foram expostas em mais de 15 países e ele já produziu inúmeras campanhas publicitárias.

CRÂNIO

Onde ver: Av Consolação, Zona Norte
Nascido na Zona Norte de São Paulo, Fábio de Oliveira, o Crânio, reconhece que um dos maiores influenciadores da sua arte é o meio em que viveu na sua infância. Suas obras são marcadas por elementos da cultura brasileira acompanhadas de alguma frase inteligente que te faz pensar.
UM POUCO DA HISTÓRIA DOS GÊMEOS GRAFITEIROS.




Biografia:

Os GÊMEOS (1974, São Paulo, Brasil), Gustavo e Otávio Pandolfo, sempre trabalharam juntos. Quando crianças, nas ruas do tradicional bairro do Cambuci (SP), desenvolveram um modo distinto de brincar e se comunicar através da arte. Com o apoio da família, e a chegada da cultura Hip Hop no Brasil nos anos 80, Os GÊMEOs encontraram uma conexão direta com seu universo mágico e dinâmico e um modo de se comunicar com o público. Exploravam com dedicação e cuidado as diversas técnicas de pintura, desenho e escultura, e tinham as ruas como seu lugar de estudo.





Nunca deixaram de fazer graffiti, mas, com o passar dos anos, esse universo criado pela dupla, com o qual sonham e se inspiram, ultrapassou as ruas, se transformando numa linguagem própria e em constante evolução, com outras referências e influenciado por novas culturas.
Acreditam nos encontros e experiências que a vida proporciona, em seu ritmo natural e delicado. Os artistas, hoje reconhecidos e admirados nacional e internacionalmente, usam linguagens visuais combinadas, o improviso e seu mundo lúdico para criar intuitivamente uma variedade de projetos pelo mundo.
Realizaram inúmeras mostras individuais e coletivas em museus e galerias de diversos países, como Cuba, Chile, Estados Unidos, Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Lituânia e Japão. Para entender a obra de OSGEMEOS é necessário deixar que a razão de lugar ao imaginário – atravessar portas, se permitir perceber as sutilezas e embarcar numa experiência que excede a visual. Sentir, antes, para entender depois.
http://www.osgemeos.com.br/pt/biografia/
http://www.youtube.com/watch?v=FUOUbOzbiCM

O GRAFITE E SUAS MOTIVAÇÕES EXPRESSIVAS


O texto abaixo é parte integrante de uma pesquisa sobre o grafite e suas formas alternativas de comunicação e expressão visual em alguns territórios das cidades de Porto Alegre e Paris. Ela focaliza o estilo de vida e a visão de mundo de uma rede social de grafiteiros, analisando as formas como eles se apropriam de certos espaços público. Observa-se a relevância do grafite, suas motivações expressivas, e quais propostas estéticas este contempla. Para responder a estas questões adota-se a investigação de alguns grafiteiros no seu viver urbano, com suas intencionalidades expostas através da grafitagem e nas possibilidades comunicativas que empregam frente à subjetividade do morador da cidade. A crença de que o grafite se traduz como parte do fenômeno de poluição visual que afeta as grandes metrópoles é afastada por esta pesquisa, que aponta para uma inclusão do grafite na complexa linguagem urbana pós-moderna. Ele integra as formas contemporâneas de comunicação social, sendo herdeiro legítimo de uma cultura visual de massa, passível de leitura e de compreensão subjetiva para quem o observa, interpreta e lhe atribui significado.

Dano from Porto Alegre Brazil

Nas paginas seguintes, grafite é pensado como forma de comunicação ao possibilitar a interação do grafiteiro: com a estética de uma cidade ventríloqua; com sua tribo urbana (Maffesoli 1998) e com os habitantes. Nesse sentido, a intervenção visual, seja através de um desenho, de uma palavra ou de uma sigla, representa um signo em diálogo com o entorno que cerca a inscrição na parede. No caso de um desenho, sua significação é dada de forma subjetiva pela sociedade em geral. Já na tribo que faz a grafitagem, ele recebe, além da significação artística, a personificação de uma pessoa ou grupo que passou por ali.
Na leitura de uma comunicação urbana estão em jogo subjetividades de quem se interessa por ela, relativas a fatores assim enumerados por Massimo Canevacci:
Na decodificação da mensagem existe sempre um lado criativo, um critério subjetivo. Ela é interpretada segundo a formação particular do pesquisador, sua biografia intelectual e política, seus gostos e emoções, ou segundo o acaso. A tradução da mensagem urbana é sempre uma traição (CANEVACCI, 1993:37).

Em se tratando de uma palavra ou sigla, a escritura na parede em geral não é decifrada pela população de forma plena, porque são usadas fontes tipográficas próprias a cada grupo em uma estilização das letras do abecedário. Essas fontes marcam a identidade de quem escreve, sendo que cada grafiteiro e pichador tem sua própria tag, assinatura que pode ser complementada por desenhos ou siglas. Em geral, os grafiteiros firmam suas obras com a tag e os pichadores fazem da tag sua obra, que é complementada com referências à crew e/ou ao bairro de residência. Na rede que atua na pintura urbana e tem por hábito a leitura do que é expresso nas paredes, os signos inscritos têm outra significação.
Ao observar um grafite, é comum encontrar a quem a obra foi dedicada, a tag da pessoa que a fez, o nome do crew a que essa pessoa( está ligada, a região da cidade em que vive, além do que está expresso no desenho ou na palavra grafitada. Quando se trata de um piche, as mesmas informações são encontráveis, com a diferença de que desenho é substituído pelo nome do grupo ao qual pertence o pichador. Não está na forma como a palavra foi escrita, mas, sim, na intencionalidade, uma diferença entre os grupos que atuam na pintura da cidade. Pode-se ter um piche no estilo grapicho, com o uso de duas ou mais cores e dimensões, bem como um grafite com essas mesmas características. Eles diferem na intencionalidade de quem confecciona a obra, se tem como intuito a sabotagem ou a estetização, se, por exemplo, a parede foi liberada para esse fim ou se a marquise foi escalada durante a madrugada.
As expressões comunicativas do grafite se relacionam com muitas dimensões sociais, em instâncias culturais também ecléticas, o que marca uma diversidade interpretativa. Em um estudo com grafiteiros na Cidade do México, Tania Cruz considera o grafite como uma forma de comunicação, com a seguinte justificativa:

É uma forma de comunicação porque mediante uma gíria e símbolos lingüísticos específicos permite interagir socialmente com: 1) o espaço urbano; 2) a comunidade de grafiteiros; 3) a comunidade em geral (CRUZ, 2004:198).

Espaço Urbano

O grafite, por ser feito sobre um suporte urbano repleto de signos da comunicação de massa, está em inevitável diálogo com todos esses signos e com o entorno. São cartazes, placas de trânsito, placas de pedestre, adesivos, painéis luminosos, outdoors, bus-doors, e uma infinidade de dizeres e imagens que surgem freneticamente no percorrer uma grande avenida em Porto Alegre ou Paris. O que alguns consideram "poluição visual" pode ser visto como uma grande diversidade de signos lingüísticos em uma subliminar comunicação do espaço urbano - uma "cidade polifônica", diria Canevacci.
A cidade polifônica significa que a cidade em geral e a comunicação urbana em particular comparam-se a um coro que canta com uma multiplicidade de outras vozes, que isolam-se ou se contrastam (CANEVACCI, 1993:17).
O grafite constitui uma dessas vozes e, por isso, deve ser cartografado na estética urbana para que o diálogo com o entorno seja audível. Se inserido em uma galeria de arte, o grafite é mutilado em seu poder de comunicação quando limitado a conter toda sua significação em si mesmo. Na situação urbana esse deslocamento é impensável e irreal, pois, quando a paisagem urbana cede espaço a essa intervenção visual, há uma simbiose de signos que geram um todo reinterpretável.

Pensando em uma foto, um plano fechado de um grafite não é fidedigno ao seu poder de comunicação. Esse grafite deve ser lido e entendido como um detalhe de um todo que é a paisagem citadina, em que:
O detalhe é aproximado por meio de uma precedente aproximação ao seu inteiro; percebe-se a forma do detalhe até que esta fique em relação perceptível com o seu inteiro (CALABRESE, 1987:86).
Observando o grafite como um "detalhe da paisagem urbana", sua leitura é condicionada ao seu entorno, uma vez que esse grafite está impregnado em uma parede, em uma rua, em um bairro, em uma cidade. Deslocar física e temporalmente esse objeto fragmenta sua relação com o todo no qual foi concebido, minando a sua significação. O desenho grafitado só se torna um grafite quando em relação com a cidade.

Tribo de grafiteiros

Ser capaz de ler a fonte tipográfica é requisito para tentar desvendar o que se escreve em um grafite ou piche, mas não é o único requisito. Entender as abreviaturas pode ser uma tarefa impossível se o leitor não está inserido na rede de grafiteiros, uma vez que elas são mensagens codificadas, coligadas simultaneamente a outras informações em um grafite. O emissor da mensagem visual pensa no diálogo simultâneo com a sociedade em geral e com os que dominam o seu código lingüístico.
No piche, isso garante o anonimato frente à polícia e à sociedade, ao mesmo tempo em que possibilita o diálogo com sua rede social. Trata-se de uma "identidade clandestina" (Cruz 2004:199) forjada pelo pichador na tribo que reconhece a assinatura e a significa. Essa forma de comunicação em instâncias diferenciadas passa pela articulação simultânea de dois códigos. Um escrito por extenso, o outro plástico e visual. O primeiro comunica objetivamente, o segundo subjetivamente. Quanto à decodificação de uma mensagem, Umberto Eco, entende que o:
Elemento fundamental dessa cadeia é a existência de um Código, comum tanto à Fonte quanto ao Destinatário. Um Código é um sistema de possibilidades prefixadas e só com base no código estamos aptos a determinar se os elementos da mensagem são intencionais (desejados pela Fonte) ou conseqüência do Ruído (ECO, 1984:169).
O código visual que dominam os grafiteiros é mais completo para entender um grafite em relação ao da sociedade. Assim, as instâncias comunicativas que circundam a mensagem plástica são decodificadas de forma diferente por eles, em um processo efetivo de comunicação entre emissor e receptor. Essas "informações complementares", descritas mais adiante, são relevantes para quem observa a obra a partir do código da tribo que grafita, e em geral, passam despercebidas pela sociedade que também vê o grafite, mas o entende de forma diferente.
 
Sier from Paris France

Moradores da cidade

O grafite comunica-se com a sociedade que habita a cidade, por vezes de forma subliminar, ao participar da paisagem urbana. O viver a cidade passa por sua estética marcada por conotações subjetivas, em um diálogo íntimo e individual entre o sujeito e o meio pelo qual é circundado. O grafite, percebido como um signo da cidade, exposto a todos de forma autoritária por surgir unicamente pela vontade de quem o produz, se insere no processo de diálogo com o "urbanóide", dialogo este que se estabelece de duas maneiras: a primeira, ao constituir uma mensagem legível, proposta por alguém, e compreendida em sua totalidade pelo receptor; a segunda, ao caracterizar antes a existência de seu proponente, a marca do autor ali presente, visível, mesmo que ilegível.

Essa leitura é dotada de um nível variável de ruído, através do qual a mensagem é munida de uma relação intersubjetiva com seu leitor. Para a rede que grafita, a leitura é feita diferentemente do que para o desavisado morador apressado, possibilitando as diversas e esperadas compreensões de um produto visual. O certo é que existe o estabelecimento de uma "cadeia comunicativa" entre o grafite, o grafiteiro, o morador da cidade e o entorno.

A cadeia comunicativa pressupõe uma Fonte (ou Emissor) que, por meio de um Transmissor, emite um Sinal através de um Canal. O Sinal, através de um Receptor, é transformado em Mensagem para uso do Destinatário. Essa cadeia normal de comunicação prevê obviamente a presença de um Ruído ao longo do Canal (ECO, 1984:168).
O nível de ruído é pensado pelo grafiteiro. Inserir desenhos caracteriza uma significação plástica acessível a qualquer um que aprecie a obra. A tag, assinatura do autor, semelhante à rubrica do pintor em um quadro, é de importância vital para perpetuar sua recorrência. Delicadamente escondida, ela está sempre presente. Se bem que, por vezes, o que está grafitado é a própria assinatura, que, com o universo de cores, níveis dimensionais, afrescos e desenhos mantém um diálogo subjetivo, através do artístico, com a população. As dedicatórias e referências ao bairro aparecem como informações codificadas por abreviaturas em uma grafia cursiva. Por assim dizer, o grafite como obra, apresenta uma diversidade de possibilidades compreensivas que dependem de referenciais próprios da cultura de cada pessoa que se dispõe a observá-lo.

No que tange ao entorno, à rua da cidade, o grafite se agrega em um entrelaçamento de re-significação. Ele deixa de ser obra em si mesmo, até porque não é pensado para isso, e funde-se nos níveis significativos da paisagem urbana. O ruído agora não está mais nas diferentes linguagens, e, sim, nas folhas da árvore que se debruçam sobre a parede, nos fungos que absorveram a tinta perto do chão, no cartaz colado sobre o muro grafitado, nas ranhuras da porta que foi incorporada ao desenho. O próprio movimento do passante, que vê o grafite de forma rápida, já acusa uma leitura do que salta aos olhos. O ritmo da cidade, o semáforo, a parada de ônibus, são formas de regrar tempos diferentes de exposição do morador frente a paisagem em que se insere o grafite. E não é de se esperar que ele esteja especialmente atento, que venha a caçar e decifrar mensagens oferecidas pela paisagem urbana.

Quando se trata de entender uma pichação, o uso de um código lingüístico secreto, que não é compartilhado pela população em geral devido a sua grafia, torna praticamente impossível ler os nomes e siglas expostos nas paredes da cidade. Excluindo grafiteiros, pichadores e curiosos em geral pela escrita urbana, a leitura compreensiva desses signos passa despercebida, sendo eles vistos, mas não entendidos. É de se pensar que a sua significação para a população não seja desejada por parte do proponente da obra, sendo esta importante apenas para a tribo que grafita e confere valor a tal ousadia.
No piche é feita a marca registrada de alguém, a tag, a representação de si mesmo. Nele,
O que o escritor anônimo quer comunicar não são palavras, mas, sim, a sua presença fantasmática, que pode atingir o alvo quando e onde queira, nas cornijas mais altas, nos edifícios mais elegantes, nas perspectivas mais vertiginosas. Porque o sentido do discurso consiste tão-somente em atestar a existência anônima, a abstrata presença das pichações árabe-góticas (CANEVACCI 1993:183).
Antes de comunicar uma mensagem, a exposição da intervenção visual caracteriza seu autor, não importa com que técnica visual. É a marca de uma pessoa, de um grupo, da existência de alguém, de muitos desconhecidos que são vistos por toda a cidade. O fato de já serem vistos é suficiente para que continuem as exposições de suas marcas na apropriação do ambiente em que vivem.
 
Redly from Paris France

Esse ensaio não pretende ser conclusivo, e sim, integrante de um processo compreensivo desse complexo objeto de estudo. Grafite e grafiteiros são inevitavelmente, proposições generalistas, através das quais foram abarcadas nuances muito diversas da expressão visual dos moradores nas paredes da cidade. Quanto ao grafite como forma de comunicação visual, reitero uma frase escrita páginas acima. "O desenho grafitado só se torna um grafite quando em relação com a cidade", esse quesito indispensável ao ato da grafitagem, pode ser considerado o fator de coesão na tribo estudada, único e indispensável. Público, o grafite é da rua. O ser visto nas paredes da cidade, insere a tag, a marca, a pessoa, no imaginário de quem lê estas expressões urbanas.
 

http://www.graffiti.org/faq/spinelli/grafite_e_comunicacao.html

Entrevista

Arte da periferia ocupa espaço urbano

“Cada cidade tem sua gramática”

Professora da Escola de Comunicação e coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ, Heloisa Buarque de Holanda tem se dedicado à pesquisa sobre a literatura de periferia, que publica sob o selo Tramas Urbanas da editora Aeroplano, que dirige. Nesta entrevista, ela fala da relação entre arte e cidades e das características e pretensões da literatura que emerge no espaço urbano.
Como a senhora vê o movimento recente de ocupação das cidades por artistas e manifestações culturais?
Esse movimento me parece, na realidade, uma intensificação da cultura e da arte pública que vem desde a segunda metade do século 20. Com o simultâneo desenvolvimento de uma ressignificação urbanística que sublinha o uso da cidade como espaço cultural e de memória, a ocupação urbana expande-se em diversas estratégias políticas e artísticas de ações majoritariamente coletivas.
Quais são as diferenças entre cidades?
Acho que cada cidade tem sua gramática e, por exemplo, a atual emergência da cultura da periferia reage com clareza a essa gramática. Por exemplo, no Rio, onde as comunidades “periféricas” ou de baixa renda estão no interior do território considerado “centro”, emergem expressões culturais mais articuladoras, que geram basicamente conexões entre mídias, linguagens, espaços, culturas e comunidades diferentes. Já em São Paulo, a resistência territorial é fundamental. A cultura produz e se volta nitidamente para as próprias comunidades e territórios geográficos e sociais. Portanto, cultura e território, cultura e cidade estão visceralmente relacionados neste momento.
Como a chamada literatura da periferia ocupa o espaço urbano?
De todas as formas possíveis. Ela traz novas marcas hiperurbanas para a literatura e desenvolve-se em ações e políticas de ocupação de fato e de direito. Basta conferir a importância atual dos saraus literários nas periferias, das novas dinâmicas das bibliotecas comunitárias, dos agentes de leitura e dos núcleos de publicação, além dos eventos públicos cujo centro é a palavra e dos projetos educativos a partir da competência da palavra como instrumento de expressão, sobrevivência e empoderamento social e econômico. Essas ações, especialmente em São Paulo, se multiplicam e são cada vez mais eloquentes.
Como essa literatura reflete a cidade e que influência ela exerce (ou pretende exercer) sobre a cidade?
Ela reflete a cidade “oculta”, “excluída” e as desigualdades sociais reproduzidas no próprio desenho do espaço urbano. A influência que pretende exercer é seu projeto político: a transformação desses territórios.
Que características marcam esses textos quanto a estilo, temáticas e outros aspectos?
São sua linguagem rouca, sua assumidamente voz própria, sem submissão a levadas ou lógicas externas como uma forma nova de identificação entre território e subjetividades/identidades coletivas. Isso faz com que em muitos textos o principal personagem/narrador seja o próprio local, distinto da antiga ideia de literatura que expressa de forma mais genérica a representação do regional. Agora, o local é, na definição dos próprios autores da periferia, apenas um CEP. Ou seja, a identificação de um topos circunscrito a apenas algumas quadras do entorno de sua moradia e de sua experiência social. É este o local que se faz personagem eloquente na nova literatura marginal.

https://www.ufmg.br/diversa/17/index.php/cultura/a-rua-como-tela-e-palco

ASSINATURA E MARCAS PESSOAIS DO GRAFITEIRO II

Visibilidade social

Os artistas que ocupam as ruas são quase sempre jovens, como os skatistas da rua Rio de Janeiro (no quarteirão fechado próximo à Praça Sete) e os dançarinos de break que nos anos 80 se reuniam no Edifício Sulamérica, aos domingos. Mas a pesquisadora Rita Aparecida da Conceição Ribeiro encontrou um grupo de cinquentões no trecho conhecido por Quarteirão do Soul, na rua Goitacazes, também no Centro de Belo Horizonte. Tema de sua tese de doutoramento, defendida no Instituto de Geociências da UFMG em 2008, os dançarinos veteranos são exemplo do conceito – criado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells – de identidades de resistência, que se fundam na contramão das identidades hegemônicas. Segundo Rita Ribeiro, os blacks que se conheceram nos anos 70 seguem padrão contrário à ordem vigente, têm seus próprios ritos e se apoderaram do espaço urbano sem consultar qualquer instância de poder.
No tempo em que frequentou o local, a pesquisadora pôde observar as reações mais diversas. Viu de transeuntes surpresos e encantados pelas coreografias a olhares de censura. Nos primeiros dias, o grupo foi vítima de denúncias infundadas para a polícia. “Hoje a cidade parece incorporar com tranquilidade o movimento, e mesmo os jovens têm se aproximado, o que é muito bom, porque o movimento soul, que parecia fadado à extinção, começa a se renovar”, ela comemora. Outra boa notícia trazida pelo fenômeno da rua Goitacazes, na visão de Rita Ribeiro, é que ele aumenta as chances de preservação da cidade. “Quanto mais se apropriarem do espaço urbano, mais as pessoas se sentirão integradas a ele”, ela reforça.
Rita desenvolveu sua pesquisa influenciada por nomes como o geógrafo Milton Santos, “para quem os pobres da cidade são aqueles que fazem o urbano vibrar”, do filósofo francês Henri Lefèbvre, que pensou o urbano como um processo social, e do antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares, que discute a invisibilidade social. “A resistência parte de um ponto de tensão”, explica Rita Ribeiro. “E os frequentadores do quarteirão são operários, donas de casa, trabalhadores do mercado informal que naquele espaço saem de sua invisibilidade para assumir outros papéis, com apelidos black.”
Para Luiz Eduardo Soares, se a invisibilidade é uma experiência e um produto político relevantes para um conjunto de indivíduos e grupos sociais “imprecisamente chamados vulneráveis”, serão também importantes, como respostas populares, manifestações artísticas ou estéticas, além de modalidades de integração em coletividades dotadas de identidades e pertencimento.

ASSINATURA E MARCAS PESSOAIS DO GRAFITEIRO I

Renovação de espírito

No Rio de Janeiro, artistas visuais urbanos se reúnem ocasionalmente para invadir uma comunidade e grafitar todos os muros cedidos pelos moradores. “Você pode imaginar centenas de pessoas colorindo as paredes de comunidades marcadas pelo cinza do cimento e pelo vermelho dos tijolos, e sem remuneração? É uma cena no mínimo bem bonita”, descreve o rapper, historiador e documentarista João Xavi. Nascido em São João do Meriti, na Baixada Fluminense, onde vive até hoje, Xavi é militante e entusiasta da ocupação urbana.
Sobre o Mutirão de Grafitti, ele diz que é um gesto de doação e “renovação de espírito”. A situação é difícil para os artistas urbanos, a maioria de baixa renda. O retorno é quase apenas ideológico ou filosófico. Xavi conta que constatou na Europa o apoio do Estado à atividade cultural voltada para a juventude. No Brasil, por outro lado, segundo ele, o Estado oferece políticas de repressão. “A polícia ainda não entende que o hip-hop é uma manifestação que não tem nada a ver com organizações criminosas. A luta é contra o estigma de criminalização da pobreza. Pobres organizados, mesmo que seja para dançar e cantar contra a violência, geram desconfiança.” Ele acha que é preciso muito diálogo para renovar as possibilidades do uso do espaço público visando a uma ocupação ao mesmo tempo “mais racional e criativa das brechas que ainda existem nas cidades”.
Exemplo de manifestação organizada e pacífica da cultura hip-hop em Belo Horizonte é o Duelo de MCs, que há cerca de dois anos reúne entre 300 e 400 jovens nas noites de sexta-feira sob o Viaduto de Santa Teresa, na Zona Leste. Diferentemente do que sugere seu nome, o evento exibe também a arte de dançarinos, DJs e grafiteiros. Organizada pelo grupo Família de Rua, a iniciativa já conta com iluminação e banheiros químicos, mas ainda reivindica policiamento preventivo.
Para Tiago Antonio, o Monge, integrante do grupo organizador e mestre de cerimônias do Duelo, esse encontro é uma prova de que jovens podem intervir na cidade sem violência. “Nossos objetivos são a convivência e a troca de informações. Fazemos porque gostamos e para aprimorar nossas artes”, ele explica. Monge, que teve de interromper o curso de Ciências Sociais e trabalha com educação de jovens por meio de oficinas de hip-hop, conta que o Duelo de MCs gera entre os participantes conscientização da necessidade de o jovem “ocupar e preservar o espaço urbano”.
https://www.ufmg.br/diversa/17/index.php/cultura/a-rua-como-tela-e-palco

terça-feira, 23 de setembro de 2014

SUCESSO NO MUNDO DO GRAFITE

TOZ
Tomaz Viana ,o Toz, nasceu em Salvador (1976), se interessa pelo mundo das artes desde adolescente ,veio para o Rio de Janeiro ,estudou design,hoje suas obras estão espalhadas por toda a cidade.Atualmente é representado por uma galeria de arte e lançou um livro"Toz,Traço e Trajetória".

 http://www.galeriamovimento.com/artistas/3/toz

GRAFITEIRO, QUEM É O HOMEM POR TRÁS DA ARTE?

 Como é vista essa arte?
Para alguns, a arte concretiza-se na música que gostam de ouvir, tocar ou cantar; na dança que os faz felizes; na personagem com a qual se identificam, em uma peça de teatro; na pintura, na produção plástica que elaboram; na imagem na qual seus olhos passeiam e os leva a dialogar com o que estão vendo; na fruição, na apreciação das manifestações artísticas de que gostam. Para outros, talvez signifique algo que não consigam expressar e talvez até não signifique nada.
Poderíamos definir a palavra arte como “manifestação da atividade humana por meio da qual se expressa uma visão pessoal e desinteressada que interpreta o real ou o imaginário com recursos plásticos, lingüísticos ou sonoros”.O mundo da Arte é concreto e vivo podendo ser observado, compreendido e apreciado.
Através da experiência artística o ser humano desenvolve sua imaginação e criação aprendendo a conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenças e sabendo modificar a sua realidade.
A arte dá e encontra forma e significado como instrumento de vida na busca do entendimento de quem somos, onde estamos e o que fazemos no mundo.
O ser humano sempre procurou representar, por meio de imagens, a realidade em que vive( pessoas, animais, objetos e elementos da natureza), e os seres que imagina – divindades, por exemplo. As Artes Visuais, desenho, pintura, grafite, escultura, etc. – a literatura, a música, a dança e o teatro são formas de expressão que constituem a arte.
A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica, a música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura etc.
Pode ser vista ou percebida pelo homem de três maneiras: visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Atualmente alguns tipos de arte permitem que o apreciador participe da obra.
 Assim é o grafiteiro por traz de suas artes-  o homem cria a arte como meio de vida, para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas crenças (ou as de outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explorar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas.

Érica Mara   
 retirada  fonte:  www.ebah.com.br/content/ABAAAfAmYAB/vamos-falar-arte

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

GRAFITEIROS BRASILEIROS RECONHECIDOS INTERNACIONALMENTE I (CONTINUAÇÃO)


GRAFITEIROS BRASILEIROS RECONHECIDOS INTERNACIONALMENTE I

OS GÊMEOS

Os irmãos gêmeos Otávio e Gustavo Pandolfo,nascidos em São Paulo  (1974) e criados no bairro do Cambuci ,começaram a pintar grafite em meados da década de 80.
Atualmente suas pinturas estão presentes em diferentes cidades dos Estados Unidos, Canadá, França,cuba, Alemanha entre outros países.
Este ano participaram da Bienal de Vancouver no Canadá ,também grafitaram um Boeing 737 que levou a seleção brasileira durante a Copa do Mundo.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Liberdade de expressão! Um lugar ao sol.

Conceituar a liberdade é uma tarefa muito difícil partindo da ideia que a liberdade pode se dividir em três domínios: o domínio da ação, do "self" e da pessoa. Esta abordagem nos dá a sensação de que existe um conceito de liberdade único e que podem ser interpretados de uma mesma forma, quando se fala em uma ação livre, um ser livre e uma pessoa livre.
Entre esses três domínios, Pettit [01] descreve conceituando na seguinte forma: uma ação livre é quando o agente pode ser responsabilizado, diretamente pelo o que fez, porém se a ação é livre, então não há como responsabilizar o agente pela resposta que ele deveria ter dado.
"Self", ou ser livre, é a ideia de livre escolha da ação, que o agente possui, então se ele pode escolher, ele assina, ele responde, por esse ato: "isso sou eu!" – É a individualidade da ação.
O terceiro domínio é de uma pessoa livre, a ação da pessoa, que Pettit define como a ação cuja escolha não foi totalmente determinada por certa gama de antecedentes do agente, como por exemplo, um complexo inconsciente de condicionamento infantil.
Para um simples entendimento a liberdade está totalmente ligada com a responsabilidade, possessão e subdeterminação.
A subdeterminação não abrange a responsabilidade, pois pode, ou não, um agente ser responsabilizado por uma eventual ação livre que venha ocorrer com o ele. A posse também não conotará a responsabilidade. Poderá o agente considerar distinta e própria uma resposta ou um estado, um hábito ou uma habilidade pela qual esse não poderá ser responsabilizado. O agente pode fazer, outros não podem, independente dele ser responsabilizado ou não pela ação.
A responsabilidade já abrange a subdeterminação e a possessão, porque existe, implicitamente, na ação do agente responsável, uma ideia de que o mesmo é adequado a executar essa atividade livre podendo ser responsabilizado por certa coisa.
Com tudo fica bem complicado conceituar liberdade sem fazer uma ligação com o fato de ser livre e ser responsável. Pettit [02] comenta em sua obra que "Se um dever é direcionado a um sujeito, supõe-se que exista um poder adequado presente. (...) O sujeito é um agente livre e a sua ação é uma ação livre, na medida em que ele é capaz de ser considerado responsável pela escolha relevante". No entanto o individuo é livre o quanto é considerado responsável pela prática de suas ações.
Uma ação decorrente da prática de alguma coisa boa, a reação da sociedade será positiva. Logo essa ação seria uma ação livre, então não existiria o porquê responsabilizá-lo.
Porém, percebe-se que não é exatamente dessa maneira que acontece. Algumas atividades decorrentes de ações delituosas são positivadas pela sociedade, de maneira que até mesmo a própria massa é cúmplice dessas práticas.
De maneira diferente, age a sociedade, quando a prática resulta alguma coisa má, a reação é totalmente negativa, mas inúmeras vezes a sociedade se cala. Ainda mesmo que essa ação seja legal, mas a constrange.
Assim algumas condutas legais tornam repressivas pela sociedade, e outras práticas delituosas, aceitas pela sociedade são reprimidas pelo Estado, sendo muito subversivo conceituar liberdade política.
Nesse breve estudo da liberdade na visão do Professor de Filosofia e Ciências Política da Universidade Princeton, Philip Pettit [03], numa tentativa de conceituar a liberdade, interligando com a responsabilidade ele conclui:
Essa análise da liberdade a transforma em uma prioridade objetiva, porém, claramente antropocêntrica. A liberdade de um agente consistirá em algo – talvez em algo naturalístico – que é independente de olhamos ou tratamos o agente. Mas o conceito da liberdade será perspectiva-dependente e a propriedade da liberdade é presa a um conceito. O conceito será perspectiva-dependente no sentido que é só dentro da prática de considerar as pessoas responsáveis que podemos dominar o conceito de liberdade de uma forma não-parasitária. A propriedade da liberdade estará presa a um conceito em um sentido que somente aquele que tem acesso ao conceito da liberdade, terá acesso à possibilidade de instaurar a liberdade neles próprios.

Com esse pensamento de liberdade focada diretamente na responsabilidade, que se discute a liberdade de expressão. Prevista no art. 5º, inciso IX da Constituição da República Federativa do Brasil é direcionada a liberdade de imprensa e das expressões artísticas.

Fonte:http://jus.com.br/artigos/20231